Ensino de excelência em Parafita

Com mais de 200 anos de história, em pleno concelho de Montalegre, cresce a Banda Musical de Parafita. Com cerca de meia centena de elementos soma e segue em sucessos e venturas. A escola de música, projeto inerente, prepara os futuros músicos e leciona de forma totalmente gratuita. Acompanhamos as aulas e o ensaio geral da banda. Momentos onde a música é “mãe” e o respeito, dedicação, empenho e trabalho imperam. Premissas de sucesso que fazem desta organização um exemplo e mais valia em Barroso.

A Associação Cultural de Parafita é a coletividade que suporta a banda de música. O aglomerado musical «já existe há mais de 200 anos», conta José Alves, músico e docente na instituição. Até à década de 60 «sempre existiu», talvez «de uma forma não tão organizada como associação, mas prevaleceu», esclarece. Porém, com a construção da barragem do Alto Rabagão «muita gente emigrou», o que conduziu «ao fim da banda». Esteve parada cerca de 30 anos até que «no início da década de 90 um grupo de impulsionadores tudo fez para a reavivar», sorri o barrosão.

«TRABALHAR NUM SONHO»

 Com o objetivo de «dar vida a um plano de revitalização» as pessoas uniram esforços e «começaram a batalhar num sonho», desvenda José Alves. Realça que «todos trabalharam muito para que esta casa se tornasse realidade», uma vez «que começaram praticamente do nada». Não havia «instalações, instrumentos ou abundância de partituras», enumera. Aos poucos «fomos crescendo e marcando presença» no «concelho e no país», diz com brio este “filho” da academia.

«EXCELENTES CONDIÇÕES»

António Coelho é diretor pedagógico da escola de música, professor da parte de madeiras e precursão e ainda maestro da Banda Musical de Parafita. O músico lamenta que «ainda haja muita gente a desconhecer o tanto que aqui se faz». Em recuo no tempo, emergem memórias «da época em que as salas de ensaio eram rudimentares». Hoje em dia estão «ao dispor de todos excelentes condições», com «várias salas de aula» e espaços «próprios para ensaios». Infraestruturas de qualidade que se associam a «uma mais valia numa região distante dos grandes conservatórios» e «locais onde se ensina esta arte».

ENSINO GRATUITO

Para o concelho de Montalegre «é um privilégio possuir tal estrutura», assegura o diretor pedagógico. Está reunido um misto de conjunturas muito favoráveis para o ingresso nesta academia: edifício inteiramente preparado para o fim pretendido, instrução qualificada e frequência gratuita. Os alunos podem esperar «ensino de qualidade», porém, «esperamos deles responsabilidade e empenho», salienta. A este propósito, referir que continuam abertas as inscrições na escola de música. O desafio está lançado a todos os interessados para que se inscrevam e divulguem esta escola especialmente junto dos mais jovens.

«REQUISITO: VONTADE DE
APRENDER!»

Quem quiser fazer parte da escola de música é apenas pedido um requisito: «vontade de aprender», defende José Alves. Os passos são simples. Basta que os interessados se dirijam «às instalações da associação aos sábados à tarde», a partir das 14 horas, desenvolve. A etapa seguinte é chegar à conversa «com os docentes presentes» e «empenhar-se no objetivo pretendido». Destaca ainda o facto do ensino ministrado ser «equiparado ao do conservatório», com «técnicas e métodos muito similares».

«PASSATEMPO SAUDÁVEL»

José Alves desvenda que no caso de ser necessário «é disponibilizado um instrumento aos alunos», para eles «aprenderem». Em 90% dos casos «o material está livre». Uma vez que a «escola é um viveiro de novos músicos para integrar na banda», quando isso acontece é-lhes «fornecida a farda», acrescenta. Acredita que o ingresso nesta «forma de estar» é «um passatempo saudável», no qual «todos aprendem a ter regras, estar em grupo e ter responsabilidades», relata.

PEQUENOS E GRAÚDOS

Durante o percurso a ensinar, José Alves já teve algumas surpresas. Habituado a «ensinar os míudos», confessa ter ficado um pouco «assustado» quando surgiu um aluno com idade superior a 70 anos. O jovem conta que «as crianças estão naturalmente predispostas a aprender»: «têm a mente mais fresquinha e fome de saber». Contudo, «fiquei muito surpreendido com o senhor de idade» e o «esforço dele ultrapassou as minhas expetativas».

«NÃO DESISTO DE NENHUM ALUNO!»

Consciente do «exemplo de motivação» e «empenho» vindo de um idoso, José Alves retirou dessa passagem uma lição de vida: «não desisto de nenhum aluno!». O que ao início pode não ser um prodígio, de um «momento para o outro tudo pode mudar», revela. É importante «mentalizarmo-nos que nunca é tarde para aprender» e que «não há idades fixas, quando queremos muito uma coisa».

«OBJETIVO NÚMERO UM»

Maestro da Banda Musical de Parafita, António Coelho reconhece que «o objetivo número um da escola de música é a entrada na banda». No mesmo sentido, comenta que «cada músico demora muito tempo a construir». Por cada um é uma média de «um ano a ano e meio» de investimento e trabalho, afirma. Ciente das dificuldades, encara este «trabalho árduo» como o «ensinar uma nova linguagem»: a música. Os ensaios gerais do grupo têm lugar aos sábados à noite.

«COMECEI ASSIM»

Eliseo Penín, professor no Conservatório de Xinzo de Lima, músico profissional e também membro do corpo docente da escola de música, recorda o percurso e afirma que começou «como todos estes alunos», com «algum receio». Na mesma linha, acrescenta que «a pouco a pouco fui gostando mais do que fazia» e quando «dei por mim estava a fazer carreira na música». Questionado sobre o que o trouxe para terras de Barroso, o espanhol explica que «vim para cá chamado por alunos que estão em Espanha e que são naturais de cá».

«SEGREDO»

Em perfeita sintonia com o povo irmão, Eliseo Penín afirma que «estar aqui é como estar em casa». Acrescenta que «Galiza e Portugal é tudo o mesmo». O entrevistado faz parte desta “família” há cerca de três anos e assume estar «muito contente nesta casa». Professor de instrumentos de metal refere que «temos aqui muito bons alunos» e com «grande potencial». Alerta para «a necessidade de estudar um pouco todos os dias», se desejam «obter sucesso». O segredo do êxito está «no trabalho contínuo!».

14 INTERVENÇÕES EM 2012

Exemplo de sucesso, esta organização barrosã «já tem 14 atuações agendadas para o próximo ano», refere, orgulhoso, António Coelho. Com o passar dos meses, faz fé de que «muitas mais vão aparecer». Este feito é apenas alcançado «devido a um ritmo de trabalho próprio» adquirido ao longo dos anos. No mesmo sentido lembra que «a excelente direção» e a «ótima organização, musical e logística», são elementos «base e essenciais» para alcançar bons resultados.

«PROJETO VITALÍCIO»

O concerto de Natal é a aposta que se avizinha. Dia 17 de Dezembro, o auditório municipal de Montalegre vai encher, à semelhança de anos anteriores. Um «projeto vitalício», no entender de António Coelho. Ideia defendida «porque todos os anos há Natal», como tal, «todos os anos há concerto a assinalar a data». Um espetáculo realizado em conjunto com o grupo coral da vila.

Artigo publicado no site oficial do Município de Montalegre – www.cm-montalegre.pt

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